Desde o primeiro trimestre do 2020 que o setor funerário vem a alterar as suas rotinas consoante a evolução da pandemia causada pelo coronavírus. As rotas internacionais não foram exceção, José Santos, responsável técnico da Moreira Internacional conta ao Conceito Lutuoso como tem sido o último ano.
Sr. José Santos, antes de mais, como foi a adaptação a nesta nova realidade? Como foi a perceção de que esta pandemia estava a acontecer e ter do se adaptar a uma nova realidade sempre que surgiam mais informações sobre esta nova doença?
Esta nova realidade apanhou-nos do surpresa. Nunca nenhum de nós passou, ou sonhou passar, por uma pandemia.
Todos os dias surgiam novos dados, novas notícias e novas medidas. Ninguém so entendia... A minha empresa trabalha a 100% no mercado Europeu, quando ouvi falar em facho das fronteiras fiquei assustado com aquela medida tomada pelos países da União Europeia. Primeiramente, tentei saber se poderia circular entre os países como estava habituado. Depois, procurei perceber como se iria proceder o contacto com as entidades estrangeiras confinadas, que não recebiam ninguém presencialmente. Tenho até que agradecer publicamente à Secretária de Estado das Comunidades, Dra. Berta Nunes, que me ajudou na informação que precisava sobre os países onde o nosso trabalho tem mais incidência e desbloqueando também algumas barreiras que me foream aparecendo nesta travessia od ninguém conhecia. Hoje estamos adaptados a todas essas mudanças que a COVID-19 nos veio trazer.
Consegue dizer-nos quais foram as maiores alterações que teve de fazer na sua rotina e na forma como realizava o seu trabalho?
Uma das maiores allorações foi, sem dúvida, o procedimonto burocrático perante as autoridades estrangeiras. A segurança dos nossos colaboradores também foi muito reforçada.
Sentiu necessidade de começar a adotar medidas antes de serem impostas pelo governo?
Sim. Tive, inclusive, uma reunião com os meus colaboradores e de forma a incutir o quão importante era estarmos mais isolados em casa e de que era importante limitar algumas rotinas da vida que faziamos antes, uma vez que estarmos expostos ao vírus podia trazer-nos graves problemas.
Sente que conseguiu trabalhar em segurança?
Este foi sempre o meu grande problema. Apesar dos muitos cuidados que tinhamos, o medo pairava sempre entre nós. O vírus não se via e isso era assustador.
Sente que houve acompanhamento suficiente por parte das nossas autoridades para que conseguisse realizar o seu trabalho?
Não. Nenhum acompanhamento. Aliás, as funerárias fazem parte da linha da frente na COVID-19, embora nunca tenham sido reconhecidas como tal. Estrivemos, inclusive, imenso tempo à espera de indicações da Direção Geral de Saúde com as normas pera o nosso sector, de forma a se poder trabalhar com os cuidados devidos e com regras.
Para poder realizar o seu trabalho, o que mudou a nível jurídico e legal?
A nível legal, na minha opinião, houve muita indefinição com os procedimentos burocráticos nos hospitais, nos registos civis e as obrigações com o levantamento com corpos infetados.
Quando saíram as regras, infelizmente nem todos as cumpriram.
Qual é a maior necessidade que a Moreira Internacional sente neste momento em relação às diligências impostas pelo governo português?
Gostava que fossem rigorosos no controlo das medidas impostas. Volto a referir que nem todos cumpriram as mesmas regras.
Quais as maiores dificuldades que sentiu no seu trabalho? Consegue lembrar-se de alguma ocasíão concreta que nos possa contar?
Olhe, por exemplo, chegar a fronteira de Vilar Formoso e as autondades portuguesas não permitirem a saída para Espanha do carro funerário, dizendo que o serviço que íamos a fazer não era prioritário... Depois dávamos a volta e íamos entrar pela fronteira de Bragança, sem qualquer impedimento.
No mesmo pais os critérios e regras foram diferentes. Foi muito complicado e estranho lidar com estas situações.
Para além das dificuldades, quais as maiores conquistas e adaptações que viu realizadas nesta altura?
Conseguir satisfazer os meus clientes. Apesar das ditculdades e todos os constrangimentos, fomos sempre profissionais, dedicados e com a maior rapidez possível. Costumo dizer que não transporto mercadoria, mas sim sentirnentos e é assim que quero continuar.
A maior conquista tem sido conseguir com que os meus colaboradores tenham passado ao lado do maldito vírus até hoje e estar a trabalhar normalmente.
Encara agora o trabalho de uma vida de uma forma diferente? Há normas e regras que prevê que vieram para ficar na sua rotina de trabalho?
Sim, as rotinas nunca mais serão as mesmas e as regras internas que implementei na empresa vão ficar para o futuro.
Quais as projeções para o ano de 2021 e futuro?
As projeções, neste momento. não são fáceis de fazer, mas acredito que vou continuar pelas estradas da Europa como já fazemos há trinta anos. Foi com muito sacrificio e inscitência que o meu sogro António Moreira se debateu muitas vezes em França e Suíça para poder trazer os nossos portugueses de volta à sua terra natal. Mas conseguiu e valeu a pena. Abriu caminhos e um novo nicho de mercado e ensinou muitos que hoje aproveitam esses mesmos caminhos.
In Conceito Lutuoso